nunca conheci a real dimensão da sua floresta
floresta sua essa
cativante, inconstante, intrigante
e a cada vez que eu tentava te desvendar
era como se eu violasse sua floresta
floresta sua essa
densa, intensa, imensa
era como se eu te desmatasse
tentei nadar em seu rio
me afogar nas suas margens
gastar-me na sua floresta
floresta sua essa
que me cuspiu, sentiu, despiu
e eu tento, tento, tento
porque vale mais 1% desta floresta sua
que o nada esculpido de solidão
prefiro ser consumida pela metade
saborear o mistério e a ausência
fitar seus mínimos detalhes
prefiro ser o mínimo
prefiro ser o seu nada
prefiro te ter distante, te observar
platônica
porque em algum lugar
entre as raízes ocas das suas árvores
e a brisa fria úmida da sua floresta
floresta sua essa
que me consome, engole, envolve
eu encontrei um berço, um manto
que me guarda e me esconde
e eu prefiro viver na sombra da sua vegetação
do que plantar a minha floresta
floresta minha essa
morta, crua, poeta, nua

Nome da Obra: floresta sua essa


Autor(a): MARIA CLARA ROGULSKI

Linguagem Artística: Poesia

Edição: 2024


Descrição da Obra

O poema retrata a dificuldade do eu lírico em se envolver com alguém que não o corresponde, retratando a profundidade das relações humanas. O eu lírico usa a floresta como uma metafora para se referir à pessoa e seus sentimentos.