Somos todos Natureza,
Do pó e do vento,
o eco que vive,
que grita em silêncio.
Em cada folha,
uma história esquecida,
em cada gota,
uma lágrima contida.
Sou a raiz que
se agarra ao chão,
E você é o rio,
a chuva, o trovão.
Mas nos separamos,
perdidos na pressa,
De um mundo que esquece,
de uma Terra que apressa.
Já fomos um — árvore
e gente,
Mas arrancamos da alma
o que era semente.
E a floresta chora,
suas folhas caindo,
Enquanto fechamos os olhos,
fingindo.
Ouçam o vento, vocês,
seu lamento,
É a voz dos antigos,
o pranto do tempo.
A água que bebe
o solo ressequido,
É o grito de um mundo,
ferido e perdido.
Pois a Terra nos chama,
e eu ouço sua dor,
Cada árvore cortada é um corte,
cortando o amor.
Somos tão frágeis,
poeira no vento,
Que acha que a vida
é eterno momento.
Nós somos nós, somos natureza,
somos nós,
somos beleza,
nós somos coelhos, somos pureza,
nós somos floresta, somos riqueza,
nós somos a seca, somos a certeza
e a incerteza, nós somos o cuidado,
somos a gentileza,
somos nós, somos a natureza...
Somos brisa de verão
Somos água e plantação
Somos chamas no coração
Somos tempo e calma
Somos corpo, somos alma
Somos a cina
Somo o pico da neblina
Somos ar, terra, água e fogo
Somos tudo e mais um pouco
Somos a composição da natureza
Somos a caça
Somos a presa
Somos céu e mar
Somos a forma de amar
Somos firmes como troncos
Somos lentos como caramujos
Somos incompletos como moncos
Somos feroz como leões
Somos leigos como coelhos
Somos compactos como melões
Somos valentes como serpentes
Somos medrosos como ratos
Somos comandantes, somos tenentes
Somos Terra, somos chão,
Somos brisa, vento em ação,
No bater dos pés, no respirar,
Nos unimos pra recomeçar.
Céu azul, verde a crescer,
Nosso abraço faz florescer,
Mãos na terra, olhos no mar,
Cada gesto faz transformar.
No compasso do sol que aquece,
Somos gotas que o chão enobrece,
Entre raízes, futuro a brotar,
É nossa vez de cuidar e amar.
E se ao final restar só o deserto,
Um silêncio vazio,
um futuro incerto,
Saberemos, então,
o que deixamos de lado:
O calor da floresta, o abraço sagrado.
Chorem comigo, chorem por nós,
Que ao salvar a Terra, ouvimos sua voz.
Somos todos Natureza, pedaços de chão,
E a paz que buscamos é sua redenção.
Não há distância, somos iguais,
Seres vivos em tantos sinais,
Natureza e gente, uma só voz,
Um futuro melhor começa em nós.
E, quando o vento cessar
e o céu se calar,
Seremos a terra
que deixamos de abraçar,
Seremos as raízes que
não cuidamos de plantar,
E, ao vermos o fim,
entenderemos: sempre fomos natureza,
mas esquecemos de voltar.
De Pedro Henrique e Israel Henrique, 8º ano
do instituto Alpha Lumen
Nome da Obra: Eco do ser, Voz da Terra
Autor(a): ISRAEL HENRIQUE DIAS DE OLIVEIRA
Linguagem Artística: Poesia
Edição: 2024
Descrição da Obra
“Eco do ser, Voz da Terra” é um lembrete doloroso de que não somos donos da Terra, mas parte dela. Cada folha caída, cada gota de chuva, cada respiração nossa é um eco do mundo ao nosso redor. Não somos separados da natureza, somos ela. Quando destruímos a floresta, destruímos a nós mesmos. Quando o ar se torna irrespirável, é nossa alma que se sufoca. Cada ato de descuido, cada passo apressado, é um corte profundo no coração do mundo.
A natureza não é um recurso a ser explorado, mas um ser vivo com o qual compartilhamos essa jornada. Somos a raiz que se agarra ao chão, o rio que corre, o vento que sopra. Se não a cuidarmos, estaremos destruindo o próprio tecido que nos sustenta. Somos todos Natureza — e, no fim, se a Terra perecer, seremos nós os primeiros a sentir a dor.
A verdade é que nossa existência depende da natureza em cada detalhe. O ar que preenche nossos pulmões, a água que nos sustenta, o solo que alimenta nossa fome – tudo isso vem dela, e tudo isso pode ser perdido. Somos frágeis, sustentados pela generosidade de um planeta que nos oferece a vida sem pedir nada em troca. Mas a Terra não é infinita, e se continuarmos a tomar sem dar, um dia ela não terá mais nada a nos oferecer. Então, o que restará?